Longevidade
Michel Poulan e colaboradores "The Blue Zones" refere que a longevidade está associada a populações que conseguem manter um estilo de vida tradicional que pressupõe atividade física "intensa" para lá da idade dos 80 anos, um reduzido nível de stress, um apoio familiar e comunitário intensivo bem como o consumo de alimentos produzidos localmente.
Estilo de vida tradicional.
Atividade física intensa acima dos 80 anos.
Reduzido nível de stress.
Apoio familiar e comunitário aos idosos.
Consumo de alimentos produzidos localmente.
Estas pessoas experimentaram uma transição epidemiológica nos tempos recentes e a sua impressionante boa saúde durante o envelhecimento pode ser o resultado de um equilíbrio delicado entre os benefícios de um estilo de vida tradicional e da modernidade como melhores cuidados de saúde e "maior riqueza" (entre aspas por causa das assimetrias no acesso a esta riqueza).
A longevidade é um fenómeno relacionado com os indivíduos (longevidade individual) bem como às populações como um todo (longevidade populacional). Os gerontologistas usam o termo longevidade quando se referem a qualquer indivíduo que ultrapassa os 90 anos e é ativamente funcional. Viver até aos 100 anos é um limiar atrativo no tempo útil de vida no entanto não apresenta qualquer significado demográfico em si mesmo. Poder-se-ia utilizar outros limites de idade para se definir a longevidade porém a maioria dos investigadores que lidam com a longevidade consideram os centenários.
As zonas investigadas onde se verificou uma maior proporção de centenários foram designadas por "Zona Azul" e as Zonas Azuis de Longevidade são áreas onde a população se caracteriza por um elevado nível de longevidade comparativamente às regiões vizinhas (devidamete validado).
Na prática as Zonas Azuis (ZA) definem-se como áreas geográficas limitadas e homogéneas onde a população partilha o mesmo estilo de vida e ambiente e a sua longevidade provou-se ser excecionalmente elevada.
A questão coloca-se nos seguintes termos, de que forma as lições obtidas a partir das ZA podem ser implementadas de forma a melhorar um envelhecimento saudável nas nossas sociedades pós-industriais. Esta preocupação levou Dan Buettner a iniciar o Projeto Comunidade Zona Azul cujo objetivo pretende criar um programa a nível comunitário que envolva as escolas, negócios, famílias e governos na melhoria da saúde e bem-estar das populações. A iniciativa Projeto Zonas Azuis evoluiu para Comunidades Zona Azul enquanto abordagem sistémica que permite aos cidadãos, escolas, empregados, restaurantes, mercearias e lideres comunitários trabalhar colaborativamente em políticas e programas que tenham o maior impacto e conduzam a comunidade no sentido de uma saúde e bem-estar ótimos.
Michel Poulain, Anne Herm and Gianni Pes. The Blue Zones: areas of exceptional longevity around the world. Vienna Yearbook ofPopulation Research 2013 (Vol. 11), pp. 87–108: PDF
A disciplina de EF pode contribuir para um projeto em articulação curricular com outras disciplinas e em parceria com a comunidade local e autarquia.
Políticas Sócio-Económicas e a Zona Azul
Bruce K. Alexander, 2008, no seu livro “The Globalization of Addiction – a study in poverty of the Spirit” refere que a introdução da Economia de Mercado Livre (competição/concorrência económica) foi responsável pelo deslocamento. Seguindo Karl Polanyi (1944), a palavra “deslocamento” descreve a devastação psicológica individual consequente da fragmentação da sociedade. “Alienação” e “desconexão” são igualmente bons termos para “deslocamento”. O deslocamento refere-se à experiência de um vazio que pode ser descrito em vários níveis. No plano social corresponde à ausência de ligações duradouras entre indivíduos e respetivas famílias e/ou sociedades locais, nações, tradições e ambientes naturais. Em termos existenciais, é a ausência de sentimentos vitais de pertença, identidade, significado e propósito. A Pedagogia Cooperativa permite reconstruir os sentimentos de pertença e colaboração necessários para contrariar esta desintegração e polarização do tecido social devido a mentalidade competitiva de oposição.
Estabelecer uma sociedade de mercado livre deve desmembrar as relações entre os indivíduos e ameaçar com aniquilação o seu habitat natural (Bruce K. Alexander, the roots of addiction in a free market society).
Wilkinson & Pickett, The Spirit Level (2009) apresenta dados que mostram que Portugal é dos países que apresentam maiores desigualdades sociais as quais estão muito correlacionadas com problemas de saúde e problemas sociais. As desigualdades sociais constituem um divisor social poderoso afetando a nossa capacidade para identificar, empatizar e cooperar com outras pessoas. A economia colaborativa só é possível se houver confiança entre estranhos.
Diminuição da esperança média de vida (menor longevidade e menor qualidade de vida).
O bem-estar das crianças é menor.
Maior falta de confiança entre as pessoas.
O recurso a drogas é mais comum..
A mortalidade infantil é maior.
A taxa de obesidade é maior.
As taxas de encarceramento (prisão).
As tensões sociais e a necessidade de sobrevivência criam enorme stress, um forte fator de risco que compromete a saúde, bem-estar e longevidade.
Já referimos noutro artigo que quando alguém é visto como concorrente ou competidor a empatia cai significativamente, por isso, a melhor forma de promover a confiança e colaboração é através de jogos cooperativos.
Ainda hoje o desporto também serve para adormecer as pessoas à recusa da sociedade injusta estabelecida (…) os governos não têm medo de quem faz desporto, tem medo de quem pensa!… Manuel Sérgio
Todos ou quase todos beneficiamos com uma maior igualdade social. Normalmente os benefícios são maiores junto dos mais desfavorecidos mas estendem-se à maioria da população. Se queremos investir no sucesso de um país devemos, sem dúvida, investir nas igualdades sociais ou melhor, na equidade social pois só assim será possível conseguir Comunidades na Zona Azul.
A melhor forma de conseguir Comunidades na Zona Azul será através do modelo derrogatório, onde cada comunidade assume a responsabilidade partilhada. Por outro lado, a chave para projetos como "One Small Town - Can Change the World" depende da cooperação.
Duas perspetivas diferentes:
| Competição | Cooperação |
Educação Física | Jogos Desportivos | Jogos Cooperativos |
Referência | Modelo Olímpico (Citius, Fortius, Altius) | Modelo Hebertista (Ser forte para ser útil) |
Economia | Competição económica; Concorrência | Cooperação Económica; Consumo Colaborativo |
Sociedade | Desigualdades, assimetrias e Hierarquias Sociais; divisão de classes. | Equidade Social; Valor Intrínseco de cada individuo |
Objetivo | Performance; Crescimento Económico; Pegada Ecológica Alta | Longevidade; Sustentabilidade; Respeito pelo Ambiente |
Mentalidade | Jogo Finito | Jogo Infinito |
Etapas de Evolução da EF
A Educação Física evoluiu passando por diversas etapas onde o corpo fazia parte da agenda do governo, como afirma Luís Miguel Carvalho em Actos de palavra sobre o corpo - discursos de hygiene na teorização da escola de massa (O Corpo que desconhecemos, David Rodrigues).
Educação Física | Final do Século XIX | Início do Século XX | Fim do Século XX | Início do Século XXI |
Orientação | Discurso Higienista da EF | Discurso Militar na EF | Discurso desportivo na EF | Discurso Natural na EF |
Modelo | Ginástica Sueca | Mocidade Portuguesa | Ciências do Desporto (Média) | Ciência do Indivíduo |
Objetivo | Vigor e Longevidade | Nacionalismo e Patriotismo | Competir | Cooperar, Funcional, Longevidade, Natural |
Percursor | Ling | Estado Novo (1934) | Estado Novo (1934) | Manuel Sérgio; Georges Hébert; Terry Orlick; Jean LeBoulch; Peter Gray |
O atual Conhecimento do Conteúdo Pedagógico da Educação Física vem do trabalho de Daryl Siedentop. Há cerca de quatro décadas (1982), no discurso apresentado na conferência em Brisbane, Siedentop afirmou acreditar que o desporto podia ser visto como uma matéria de ensino na Educação Física. Propôs um currículo e modelo de instrução que simulava aspetos contextuais chave do desporto. A designação deste Modelo Curricular designava-se por Educação Desportiva (atualmente escutamos o termo literacia desportiva) e representou a génese da inovação curricular na EF que subsequentemente proliferou por todo o globo.
Jean LeBoulch "Rumo a uma ciência do movimento humano" na página 92 (corpo instrumento e a EF) refere que atualmente a EF confunde-se quase exatamente com a iniciação à prática competitiva e o seu corolário, a aprendizagem de gestos específicos.
Finalidades da Educação Física:
Uma das finalidades da EF é a formação em habilidades para a vida e participação em atividades físicas ao longo da vida. Trata-se, na verdade, de promover uma Educação Física orientada para a longevidade.
Qual o melhor modelo:
Modelo 1: vinculação total e instrumental dos objetivos e conteúdos da EF relativamente ao modelo Desportivo (competitivo).
Modelo 2: independência e/ou desvinculação dos objetivos e conteúdos da EF relativamente ao modelo Desportivo.
Questões:
Se o objetivo da EF está relacionado com a aptidão física ("Zona Saudável"), diferente da aptidão atlética (performance), por que nos preocupamos com o ensino e automatização de gestos técnicos desportivos especializados e padronizados?
Por que motivo a disciplina de Educação Física se assemelha à iniciação à prática desportiva?
Existe alguma correlação entre as atividades físicas e desportivas das Aprendizagens Essenciais e as preferências da população Portuguesa quanto a diferentes tipos de Atividade Física?
Preferências da População Portuguesa
Darla M. Castelli e colaboradores no artigo "Contextualizing physical literacy in the school environment: The challenges" refere que a compreensão do facto de certos indivíduos serem ativos e outros não se envolverem em atividades física é um estudo complexo que inclui considerações pessoais, ambientais e comportamentais. Uma vez que o comportamento sedentário foi identificado como o quarto principal fator de risco para a mortalidade global, promover a atividade física ao longo de toda a vida torna-se um objetivo importante para a Educação Física.
As mensagens da Saúde Pública encontram-se numa encruzilhada semântica com a introdução da Literacia Física enquanto resultado da aprendizagem desejado relativamente aos Padrões Nacionais para a EF pela Sociedade da Saúde e Educadores Físicos - SHAPE (Em Portugal temos a equivalente Institucional CNAPEF e SPEF). A adoção do conceito de literacia física enquanto disposição facilitadora de um estilo de vida fisicamente ativo.
De que forma (estratégia, metodologia, objetivos e conteúdos) a Educação Física poderá contribuir para influenciar os jovens, motivando-os, para se tornarem fisicamente ativos ao longo da vida?
Será que as AEEF influenciam os alunos a adotar as atividades desportivas como práticas regulares ao longo da vida?
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Darla M. Castelli*, Jeanne M. Barcelona, Lynne Bryant. Contextualizing physical literacy in the school environment: The challenges. Journal of Sport and Health Science 4 (2015) 156-163: PDF
Ang Chen. Operationalizing physical literacy for learners: Embodying the motivation to move. Journal of Sport and Health Science 4 (2015) 125-131: PDF
Peter A. Hastie a, Tristan L. Wallhead. Operationalizing physical literacy through sport education. Journal of Sport and Health Science 4 (2015) 132-138: PDF
Peter Gray afirma que "as crianças perdem a sua motivação quando perdem a possibilidade de escolha, quando os adultos estão no comando, e como tal elas não aprendem as lições primárias, como estruturar as suas próprias atividades, resolver os seus problemas e assumir a responsabilidade pelas suas vidas. As crianças aprendem muitas lições nos jogos informais que não aprendem no desporto organizado ou matérias das AEEF.
Julian Rotter no final dos anos 50 desenvolveu um questionário com uma escala para avaliar o que designou por "Escala Interna-Externa de Controlo" (Internal-External Locus of Control Scale). O foco no controlo interno significa que o indivíduo sente que controla (Autonomia) e o foco no controlo externo significa que o indivíduo se sente controlado pelas circunstâncias ou uma pessoa externa (professor - heteronomia).
Os investigadores demonstraram que:
As crianças, adolescentes e adultos experimentam sentimentos de desamparo associados a um controlo externo.
Dá-se uma maior predisposição para a ansiedade e eventual depressão.
Os indivíduos têm menor propensão para assumir a responsabilidade pela sua própria saúde, pelo seu futuro e pela comunidade onde se inserem.
Estes dados mostram-nos que é imperativo promover a auto-suficiência, auto-regulação através da autonomia (possibilidade de escolher o seu próprio currículo) caso contrário, o nosso esforço de promover o gosto pela atividades física ao longo da vida (longevidade) fica comprometido pelo impacto negativo do Locus no Controlo Externo. Sabemos que a nossa educação privilegia sobretudo a heteronomia.
Segundo Biddle e Mutrie (2001) cit. Luís Cid e colaboradores "Atitudes face á atividade física e ao desporto" o tema das atitudes acolhe um grande interesse por parte dos investigadores uma vez que a sua validade preditiva no domínio da atividade física e desporto (AFD) tem sido consistentemente demonstrada em diferentes estudos e com diversas populações (jovens, adultos e idosos). A atitude é um fator cognitivo importante, que exerce uma forte influência sobre a decisão das pessoas praticarem AFD. O conceito de atitude envolve 3 componentes:
Cognitiva: crenças sobre a atividade física.
Afetiva: sentimentos sobre a atividade física.
Comportamental: adesão ou não adesão à atividade física.
Qual a melhor estratégia, metodologia e matérias que promovem nos alunos um "estado de prontidão mental ou neural, organizado pela experiência, que exerce uma influência diretiva ou dinâmica sobre as suas respostas para com os objetivos ou situações" relacionados com a prática de AFD? Por outras palavras, quais são os ingredientes mais importantes que importa implementar nas aulas de educação física que aumentem a predisposição dos alunos para responder a este objetivo (praticar AFD ao longo da vida) de forma consistentetemente favorável?
Não se trata apenas de uma diferença semântica, mas de uma diferença de orientação. Não se pode falar em Literacia Física sem alterar as AEEF, Currículos e Metodologias - as crianças desenvolvem-se em ritmos diferentes.
Além da individualidade está a necessidade de auto-suficiência e auto-regulação. Uma pessoa fisicamente literada incorpora um estilo de vida fisicamente ativo. Indivíduos fisicamente literados têm o conhecimento, competências e atitudes para assumir estilos de vida saudáveis, bem como para ajudar outras pessoas a adquirir essas habilidades. A agência (capacidade de agir, diligência) é um elemento crítico na literacia física, pois somos continuamente confrontados com decisões saudáveis/não saudáveis. A autorregulação tem sido apontada como a competência mais importante desde o jardim de infância, que pode ser aprimorada por meio de brincadeiras ativas durante o recreio.
A literacia Física incorpora a motivação, confiança, competência física, conhecimento e responsabilidade pessoal e por isso engloba aspetos físicos, mentais e psicossociais.
Aluno Fisicamente Educado | Aluno Fisicamente Literado |
Instrução Direta: memorização, repetição, reprodução e imitação | Auto-regulação: criatividade, inovação, pensamento crítico, resolução de problemas, questionamento, flexibilidade, iniciativa e autonomia. |
Ensinar a muitos como se fossem um só; mesmo ritmo, mesmo conteúdo. Ciência do grupo (média) | Percursos curriculares individualizados; ciência do indivíduo. |
Padrão Nacional das Aprendizagens Essenciais | Autossuficiência e autorregulação |
Homogeneização das AEEF - Igualdade | Individualização - equidade |
Testes Normalizados: Avaliação por comparação ao padrão motor ou tabelas de referência e aferição entre desempenhos dos alunos | Auto-avaliação personalizada: Avaliação ipsativa (comparação do desempenho do aluno em vários momentos do processo) |
Meghann Lloyd, Rachel C. Colley, Mark S. Tremblay. Advancing the Debate on ‘Fitness Testing’ for Children: Perhaps We’re Riding the Wrong Animal. Pediatric Exercise Science, 2010, 22, 176-182: PDF
Os indivíduos da população portuguesa, quando têm espaço e autonomia para tomarem decisões (Foco no controlo interno), sem o controlo ou imposição de um programa ou currículo, como acontecia na escola (Foco no controlo externo), não escolhem as subáreas privilegiadas pelas AEEF.
Quem beneficia mais com esta vinculação total e instrumental dos objetivos e conteúdos da EF ao modelo desportivo?
Por outras palavras, a EF está ao serviço dos interesses dos alunos ou das federações?
Quando orientamos os objetivos e conteúdos da Educação Física relativamente à Longevidade, a nossa abordagem tem que se tornar independente do modelo desportivo porque a médio e longo prazo, tanto o futebol/futsal (atividades desportivas mais populares) como os outros desportos caiem para as últimas posições no ranking de preferências. Isto significa que, a prática desportiva formal e informal só acontece em fases iniciais do ciclo de vida dos indivíduos enquanto são vigorosos e conseguem ser competitivos (desempenho).
As atividades físicas de lazer mais praticadas pelos jovens adultos, adultos e idosos são:
Atividades de Ginásio.
Marcha/Caminhada.
Natação/Hidroginástica.
Ginástica (manutenção)
| 15-21 | 22-64 | + 64 |
1 | Atividades de Ginásio | Act. de Ginásio | Marcha/Caminhada |
2 | Futebol/Futsal | Marcha/Caminhada | Ginástica |
3 | Corrida/atletismo | Corrida/atletismo | Corrida/atletismo |
4 | Outros desportos | Natação/Hidrogin. | Act. de Ginásio |
5 | Natação/Hidroginástica | Futebol/Futsal | Usar a Bicicleta |
6 | Ginástica | Ginástica | Dança |
7 | Dança | Usar a Bicicleta | Corrida/atletismo |
8 | Marcha/Caminhada | Dança | Dança |
9 | Usar a Bicicleta | Outros desportos | Outros Desportos |
10 | Mar/Natureza/Aventura | Mar/Nat./Aventura | Futebol/Futsal |
À medida que avançamos na idade, a prática desportiva (jogos desportivos de oposição) torna-se uma atividade muito pouco praticada.
Em todas as faixas etárias as atividades físicas de ginásio são as mais procuradas, apenas diminuindo acima dos 65 anos.
A marcha/caminhada é mais praticada pelos adultos e idosos.
A natação/hidroginástica é uma das atividades físicas mais procuradas nas 3 faixas etárias.
Poderíamos afirmar que os jovens, em idade escolar, na sua maioria, são mais competitivos e procuram atividades desportivas, porém, tanto a nossa experiência empírica como a investigação mostra-nos que não é bem assim.
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DGS. Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física 2017. Ministério da Saúde: PDF
Promoção da atividade física - Longevidade
O IPDJ, no seu Plano Nacional de Atividade Física, menciona o Artigo 6º Promoção da atividade física, da Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto (Lei n.º5/2007, de 16 de janeiro):
Incumbe à Administração Pública a promoção e a generalização da atividade física, enquanto instrumento essencial para a melhoria da condição física, da qualidade de vida e da saúde dos cidadãos.
Para efeitos do disposto no número anterior, o Estado, em estreita articulação com as Regiões Autónomas e com as autarquias locais, adota programas que visam:
Criar espaços públicos aptos para a prática da atividade física;
Incentivar a integração da atividade física nos hábitos de vida quotidianos, bem como a adoção de estilos de vida ativa;
Promover a conciliação da prática da atividade física com a vida pessoal, familiar e profissional.
Estratégias:
Desporto:
Programa Nacional para a Marcha e Corrida.
(...)
Hábitos de vida saudável no ensino Pré-escolar.
Transportes, ambiente, planeamento urbano e segurança pública:
Plano nacional de promoção da bicicleta e outros modos de transporte suaves:
Ciclismo vai à Escola (Federação Portuguesa de Ciclismo).
Desporto Escolar Sobre Rodas.
Programa Nacional de Ciclismo para todos.
Infraestruturas autárquicas (percursos ciclo-pedonais): "Portuguese Trails"
Ciclovias.
Ecovias.
Eopistas.
Centros de BTT
Ambiente de Trabalho:
Certificação da empresa ativa.
Serviços dirigidos aos Séniores:
Aumentar a qualidade de vida da velhice - importância de ser fisicamente ativo.
Disponibilizar instalações que tornem a atividade física mais acessível e atraente à pessoa idosa.
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IPDJ. Plano Nacional de Atividade Física. PDF
Aprendizagens Essenciais
O que é prioritário que as crianças aprendam?
Questões a colocar relativamente à lógica das Aprendizagens Essenciais tendo em consideração a perspetiva da longevidade, ou por outras palavras, da Participação em Atividades Físicas ao longo da vida no âmbito das práticas de atividades físicas e/ou desportivas informais (laser e turismo).
Mudança de Paradigma:
Construtivismo: O aluno como construtor ativo das suas aprendizagens. O modelo TGfU com uma natureza construtivista coloca o aluno na posição de construtor ativo das suas próprias aprendizagens, valorizando os processos cognitivos de perceção, a tomada de decisões e a compreensão do jogo. O TGfU rompe com a ideia do ensino das técnicas de forma isolada e convoca os conhecimentos táticos, declarativo e processual.
Redundância pela semelhança estrutural: Não faz sentido repetir as mesmas matérias em todos os ciclos de ensino porque o objetivo da EF não é a iniciação à prática desportiva, mas sim a literacia física, privilegiando o ecletismo. Torna-se redundante colocar os alunos em contacto com todos os jogos desportivos coletivos das AEEF na medida que a abordagem de um deles permite que os alunos entrem em contacto com os mesmos pressupostos técnicos e táticos, regulamentares, comuns a todos eles. Jogos de invasão territorial (basquetebol, andebol, futebol, futsal, raiguebi, floorbal, frisbee, etc..).Jogos de rede/parede (ténis, badminton, squash, voleibol, pádel), etc...
Desmonopolizar e descentralizar a EF: Desmonopolizar a educação e restituí-la às suas comunidades locais de pertença que assumem 80% da responsabilidade na construção do currículo. A escola tem que deixar de ser um terminal burocrático do Estado. E isso faz-se restituindo a escola às suas comunidades locais de pertença (Roberto Carneiro - PDF).
Ações Educativas de sucesso: EF centrada no Ensino das Estratégias. O modelo auto-regulatório organiza-se em 3 fases: Planificação - o aluno pensa naquilo que deseja fazer e prepara um plano para saber quando e como vai realizá-lo | Execução - coloca em prática e monitoriza o plano | Avaliação - determina em que medida os objetivos foram cumpridos para concretizar esse plano. Abandono do Mito da Média (Ciência do Grupo) para se evoluir para a Pedagogia do Indivíduo (Ciência do Indivíduo).
Longevidade: Formação em habilidades para a vida e participação em atividades físicas ao longo da vida - atividades físicas relacionadas com as preferências da população portuguesa, jogos cooperativos e o método de treino natural.
Cooperação: Pedagogia cooperativa e jogos cooperativos.
Finalidade utilitária: Considerando que a longevidade é um dos grandes vetores de orientação da EF, as atividades físicas e respetivos exercícios devem ter sobretudo uma dimensão funcional (esquemas motores) em vez da automatização de habilidades motoras especializadas com objetivo de desempenho (padrões motores desportivos).
Transcendência e educação para a paz: Via da Realização Interior. Aprender a arte de viver em paz consigo, com os outros e com a natureza. "Um ser que se movimenta para Transcender e Transcender-se": Educação Somática e Holopraxias.
Pedagogia Hebertista: Abordagem Pedagógica nos seus 6 módulos.
Uso do Método de Treino Natural;
Trabalhos manuais diários (jardinagem, lida da casa...);
Cultura Mental e Moral (Ginástica Psíquica ou Treino Mental);
Cultura Intelectual (história, artes e ciências da atividade física e respetivos benefícios para a saúde e longevidade);
Cultura Estética (valorização da atividade rítmica e expressiva);
Iniciativas Naturistas (exercício e nutrição como "higiene corporal" - aeroterapia, hidroterapia e helioterapia).
Atividades Rítmicas e Expressivas: Explorar várias metodologias de desenvolvimento das atividades rítmicas e expressivas, incluindo o Método BAPNE fácil de praticar em qualquer faixa etária, Educação Somática e outras abordagens.
A diferença entre uma orientação da EF para a performance comparativamente a uma educação física orientada para a longevidade equivale à comparação entre jogos finitos e jogos infinitos.
| Orientação para a performance | Orientação para a longevidade |
Objetivos | Vincula os seus objetivos e conteúdos ao modelo desportivo | Independência e/ou desvinculação relativamente aos objetivos e conteúdos do modelo desportivo |
Referência | Referência no Modelo Olímpico e nos seus Princípios | Referência no Hébertismo e nos seus princípios pedagógicos |
Estrutura | Homogeneização das Aprendizagens Essenciais; Igualdade (Centralizado no Estado) | Desmonopolização, democratização e descentralização do currículo; Equidade (Responsabilidade da Comunidade) |
Critério | Critério da performance - avaliação do aluno em função do domínio e desempenho nas matérias e na auto-superação em função de um modelo fechado e padronizado. | Privilegia-se o processo de auto-regulação e a capacidade do aluno definir estratégias e escolher o projeto individual de literacia física em função de um modelo aberto e flexível |
Noção de Sucesso | Finito: procura de classificação (melhor nota), certificação e/ou troféus no final do jogo, do bloco de aulas ou do ano letivo. Fim em si mesmo (dominar a técnica e a tática de jogo). Ser forte para Ganhar. Rankings: o melhor aluno | Infinito: as experiências vividas permitem fazer escolhas conscientes e adquirir ferramentas e recursos que facilitam a autonomia. Um meio para se atingir um fim (A longevidade e o gosto pelo exercício físico). Ser forte para ser útil. |
Moralidade | Moralidade do Jogo Finito e a Mentalidade Finita. Decisões Sociais sem atenção plena (O meu interesse acima do teu). | Moralidade do Jogo Infinito e a mentalidade Infinita. Decisões sociais com atenção plena (o nosso interesse comum). |
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