O projeto rede-Motricidade-Humana nasce da necessidade sentida por alguns professores de Educação Física em investir no novo Paradigma da ciência da Motricidade Humana.
E porquê?
Tal como afirma Manuel Sérgio, "a expressão Educação Física é atualmente uma expressão limitadora, estática e não válida".
A total e instrumental vinculação dos objetivos e conteúdos da Educação Física ao referencial axiológico do desporto tem promovido, tal como está explícito no documento da UNESCO "Diretrizes em Educação Física de Qualidade" no seu ponto 3.2.1 (Flexibilidade Curricular), uma deterioração nas atitudes dos estudantes em relação à E.F. devido ao domínio dos desportos competitivos e atividades baseadas no desempenho.
Para maximizar a contribuição da E.F. para o desenvolvimento de hábitos positivos ao longo da vida, os currículos devem ser flexíveis e abertos à adaptação, para que os professores sejam empoderados a adequar a oferta para atender às diversas necessidades dos jovens com os quais trabalham.
Para tornar significativos os currículos de E.F. para as crianças do século XXI, devem ser consideradas, avaliadas e implementadas teorias inovadoras e novas perceções da disciplina.
Torna-se necessário repedagogizar a E.F. promovendo práticas pedagógicas e metodologias adequadas à promoção da literacia física, emocional, social e moral.
Além da pedagogia da oposição (competitiva-desportiva) é fundamental introduzir a pedagogia da cooperação e os jogos cooperativos de forma que a partir deles os alunos joguem uns com os outros e não uns contra os outros.
A cooperação e a competição são dois exemplos opostos a nível da dinâmica interpessoal e os quais assumem diferentes padrões cognitivos, neuronais e comportamentais. As neurociências mostram que existem vantagens a vários níveis inerentes à utilização pedagógica dos jogos cooperativos, não só na empatia, sincronização entre cérebros e no raciocínio moral.
Para que a E.F. seja verdadeiramente eclética, deverá recuperar várias abordagens corporais que têm sido completamente afastadas do seu reportório e as quais possuem um profundo valor pedagógico e educativo.
O Olimpismo assumiu como Ideal, na sua Carta Olímpica, "colocar o desporto ao serviço da humanidade para promover a paz", porém tem falhado na sua missão, e porquê? A Rede Motricidade Humana apresenta os seus argumentos e soluções para uma verdadeira Educação para a Paz.
Se a E.F. pretende preparar os jovens para participar em atividades físicas ao longo da vida, deve vincular os seus objetivos e conteúdos às atividades físicas não formais (para todos) e informais (auto-gestão) formando os jovens para a prática de atividades físicas de lazer, turismo de natureza e aventura, fitness e wellness ao longo da vida.
A Rede Motricidade Humana pretende introduzir elementos de reflexão que têm por objetivo engrandecer a Motricidade Humana e sobretudo servir as escolas e os seus alunos com uma atividade física de qualidade que contribua para:
Formação de habilidades para a vida e participação em atividades físicas ao longo da vida.
Apoiar os jovens para se tornarem cidadãos responsáveis e ativos.
Formar alunos fisicamente literados com o conhecimento e a autoconfiança necessários para o sucesso académico.
Desenvolver as competências e os valores para os desafios do século XXI.
A publicação do Despacho n.º 6605-A/2021 de 6 de julho revogou os Programas Nacionais de Educação Física (PNEF) constituindo uma grande oportunidade para a inovação pedagógica no campo da Educação Física.
E com estas palavras iniciamos este projeto que irá crescer e amadurecer porque se torna necessário criar uma plataforma de encontro e reflexão para os professores de Educação Física e Educadores que não se identificam com o atual paradigma. Por outro lado, sabemos que é imperativo introduzir um novo discurso, uma nova orientação e sobretudo o novo Paradigma das Ciências da Motricidade Humana.
Com os melhores cumprimentos dos mentores deste projeto (11 de setembro de 2022)
Comments